Estive recentemente em contato
com um grande número de pessoas negras, nascidas em pequenas vilas da África do
Sul. Além da enorme simpatia e do sorriso fácil e sincero, impressionou-me a
beleza dos dentes destes africanos. Apesar de algumas cáries ou perdas de elementos,
raramente percebi problemas de más oclusões. O fato ainda ganha mais destaque
quando comparamos os dentes destes nativos com a alta freqüência de má oclusão
dos jovens que freqüentam nossos consultórios!
Como explicar que estes
africanos, até mesmo os de origem simples e sem acesso a tratamentos
ortodônticos na infância, possam ostentar arcos dentais tão bonitos?
Em outro canto do mundo,
Argyropoulos, Sassouni e Xeniotoudada, em um artigo científico de 1989
publicado na Angle Orthodontist, rastrearam em museus da Ilha de Creta 40
crânios de adultos que viveram na região há 3.500 anos. Observaram que 37
destes (92,5%) apresentavam excelente oclusão e apenas três mostraram mínimas
alterações, tais como pequenos diastemas ou rotações dentais.
Proffit pondera que realmente há
um incremento das taxas de má oclusão nas populações modernas, e que isso pode
ser atribuído a dois fatos bastante contemporâneos. O primeiro seria a maior
miscigenação racial das populações, em virtude da facilidade nos deslocamentos,
e que promove o encontro de indivíduos com características craniofaciais e
dentais muito distintas, coisa rara nas antigas ilhas gregas ou nas tribos
africanas. O segundo fator promotor de desarmonias oclusais seria o costume
moderno de ingerir alimentos que pelo cozimento, moagem ou processamento
industrial tornam-se macios, reduzindo a solicitação mecânica do aparelho
mastigador e conseqüentemente prejudicando o seu desenvolvimento.
Talvez com o passar do tempo e os modernos hábitos do homem, tornem-se cada vez mais raros o belo “perfil grego” e o contagiante sorriso africano!
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